TELEVISÃO SOBRE A MATÉRIA

Numa época de desenraizamento das pessoas e de fragmentação da comunidade nacional, que se arrasta há décadas, surgiu um programa que poderia ter dado a muita gente um sentido para a vida; mas, infelizmente, só teve meia dúzia de episódios. «Quem É Que Tu Pensas Que És?» era um formato adaptado. Tinha, pois, além das condicionantes próprias da linguagem televisiva, algumas características nacionais que tornavam a série algo lamechas. Contudo, intencionalmente ou não, cumpriu duas funções fundamentais:
Em primeiro lugar, desmistificou o estúpido preconceito, espalhado pela propaganda republicana e por aristocretinos, quais idiotas úteis (aos anteriores), de ser a genealogia o mesmo que nobiliarquia, e, portanto, só interessante para uma minoria de privilegiados.
Em segundo lugar, despertou a curiosidade e o gosto pela ascendência e pelas raízes; e, ficou bem claro que este conhecimento, assente no (re)encontro com os antepassados e concomitantes ocupações e cargos, histórias de vida, terras de origem, casas de família, etc., pode dar uma explicação para o que cada um é hoje e ajudá-lo a definir um rumo para si e os seus.