DOS ANTEPASSADOS

Os verdadeiros Portugueses nunca estão sós. Eles avançam —  em direcção ao futuro — na vanguarda do, invisível e invencível, exército dos seus avós. E, para isso, precisam de conhecê-los, como de pão para a boca.
Hoje em dia, a maior parte da gente, infelizmente, não sabe, nem quer saber, que cada indivíduo, além de pai e mãe, tem: 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós, 64 pentavós, 128 hexavós, 256 heptavós, 512 octavós, 1024 eneavós, 2048 decavós; e, por aí afora, sempre a duplicar, até à geração da Fundação Nacional, nascida por volta do ano de 1100, onde cada um de nós contará com 2.147.483.648 triacontavós (é claro que, devido à habitual consanguinidade, este último número corresponde, de facto, a muitíssimo menos pessoas).
Esta enorme hoste de mortos constitui o sustento carnal e espiritual de qualquer Português que se preze. Por esta razão, faz-me imensa confusão que existam portugueses que se dizem nacionalistas, ou se afirmem patriotas, desconhecendo a sua genealogia; e, até, desprezando-a enquanto ciência.